OBESIDADE NO PACIENTE IDOSO
- Renata Marques
- 18 de ago. de 2022
- 4 min de leitura
Atualizado: 23 de ago. de 2022
CUIDADOS ESPECIAIS NA HORA DE TRATAR.
O envelhecimento provoca redução da água corporal, da massa muscular e da massa óssea. Além disso, o idoso começa a ter uma maior deposição de gordura corporal, principalmente abdominal e visceral, o que favorece a Síndrome Metabólica (Diabetes, Colesterol Alto e Hipertensão Arterial) e o ganho de peso.
A Obesidade parece agravar o processo de limitação funcional em idosos e estudos demonstram que o tratamento para perda de peso leva à recuperação funcional e ao aumento de sobrevida nessa população.
O QUE SERIA A SARCOPENIA PRESENTE NO IDOSO OBESO?
Sarcopenia é a perda progressiva de massa e força muscular. Tanto a obesidade quanto o envelhecimento levam a piora da força muscular, sendo determinante para piora progressiva da qualidade de vida, com redução de força, movimentos mais lentos e risco de quedas.
Com o envelhecimento, a massa muscular que no adulto jovem corresponde a 50 % da massa corporal, reduz para 25% aos 75 anos. Já na obesidade, ocorre acúmulo de gordura dentro dos músculos o que diminui a qualidade muscular. Quando somamos nesse cenário o sedentarismo temos também a atrofia desses músculos por desuso.
QUAL A DIETA IDEAL PARA O IDOSO?
O aumento da ingesta de proteínas favorece a melhora da massa muscular, portanto, a ingesta de proteína deve ser de, no mínimo, 1g/kg de peso corporal diariamente, sendo o leite e derivados uma importante fonte de proteínas e minerais para manter a saúde muscular, bem como os ovos e carnes brancas.
Nessa fase da vida maior atenção se deve dar a falta de apetite própria do idoso e a saúde bucal, já que podem contribuir para uma ingesta inadequada de micro e macro nutrientes.
Deve-se também evitar restrições dietéticas que limitariam ainda mais a ingestão de alimentos.
A IMPORTÂNCIA DO EXERCICIO FISICO NO IDOSO
O exercício físico tem um papel importante na prevenção e no tratamento do idoso obeso. O exercício resistido é o de escolha para a população geriátrica por resultar em menor perda muscular e no aumento da força, favorecendo uma perda de peso mais sustentável.
O IDOSO PODE USAR MEDICAMENTO PARA EMAGRECER?
O tratamento medicamentoso traz resultados mais expressivos na perda de peso quando comparado a mudança de estilo de vida de forma isolada, no entanto, a utilização de medicação para obesidade em idosos deve ser feita com cautela, em virtude de alguns efeitos colaterais e do risco de interação medicamentosa visto o uso frequente de polifarmácia nesta população. Deve-se também evitar perda de peso rápida a ponto de aumentar o risco de perda simultânea de massa muscular.
QUAIS CUIDADOS TER EM RELAÇÃO AO TRATAMETO MEDICAMENTOSO DISPONÍVEL?
Atualmente no Brasil temos disponível 3 medicações para tratamento da obesidade: Orlistate, Sibutramina e Liraglutida (Saxenda). Vamos falar um pouco sobre cada uma delas:
- Orlistate: inibe a absorção de 30% da gordura ingerida durante as refeições, levando a déficit calórico e perda de peso. Tem como principal efeito colateral a ocorrência de diarreia e a diminuição de absorção de vitaminas lipossolúveis (A,D, E e K),com maior revelância na deficiência de vitamina D, que deverá ser monitorizada durante o uso da medicação afim de se evitar danos ósseos.
- Sibutramina: é um agente de ação central que diminui o apetite.. Tem como efeito colateral o aumento de frequência cardíaca (2-4bpm) e da pressão arterial (3-4mmHg). O estudo SCOUT, que avaliou a segurança cardiovascular, identificou aumento de risco de infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC) não fatal em indivíduos com doença cardiovascular pré-existentel e, desde então, a Sibutramina deve ser evitada em pacientes de alto risco cardiovascular e idosos acima de 65 anos.
- Liraglutida: tem efeito central no controle do apetite e também retarda o esvaziamento gástrico com aumento da saciedade. Desenvolvida inicialmente para tratamento do Diabetes Mellitus tipo2, apresenta boa segurança cardiovascular, sendo uma boa opção para o tratamento do idoso obeso. Tem como principais efeitos colaterais a náusea e o vômito, portanto sua dose deve ser titulada de forma mais cautelosa no idoso.
É POSSIVEL REALIZAR CIRURGIA BARIATRICA APÓS OS 65 ANOS?
A cirurgia bariátrica é recomendada entre 18 e 65 anos, no entanto, com o crescente número de idosos com obesidade grave a cirurgia bariátrica tem ser tornado uma opção cada vez mais frequente de tratamento para essa população. A Portaria no 424/2013 do MS e a resolução no 2131/2015 do CFM destacaram que pacientes com mais de 65 anos podem ser operados, desde que cumpridas premissas gerais de indicação, o risco- benefício da operação, a expectativa de vida e os benefícios do emagrecimento.
Maior atenção deve ser dada em relação a acentuação da perda muscular e da perda óssea nos idosos submetidos a cirurgia bariátrica, sendo imprescindíveis o acompanhamento nutricional e a introdução de suplementos vitamínicos/minerais e proteicos, bem como o estimulo precoce a exercício físico resistido.
A perda de peso no idoso deve visar sempre o aumento da sobrevida com menos incapacidade e a melhora da qualidade de vida. No entanto, deve-se evitar uma grande perda de peso para que não ocorra piora da Sarcopenia.
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Fontes:
1. Pereira, Andrea et al. Cirurgia Bariátrica e Metabolica- abordagem multiprofissional. Rio de Janeiro; Rubio, 2019
2. Obesidade do Idoso. Revista Abeso- Evidências em Obesidade e Sindrome Metabólica. São Paulo, n. 115, p.6-26, março/abril 2022